terça-feira, 11 de dezembro de 2012

REFLITAMOS: "VIVER E SENTIR SÃO UMA SÓ COISA"






A rosa simboliza muito bem a experiência de viver em plenitude nossos sentimentos porque se desejamos a beleza da rosa não podemos prescindir dos seus espinhos, assim, sentir prazer, implica a possibilidade de sentir dor.

Por que será que existe uma ênfase tão predominante, no mundo atual, sobre o crescimento físico e mental e uma grande negligência do crescimento emocional? É possível acrescentar várias explicações gerais, mas vamos diretamente à raiz do problema, passando ao lado das causas externas, genéricas, que de qualquer forma não passam de meros sintomas.


No mundo dos sentimentos experimentamos o bom e o mau,  a felicidade e a infelicidade, o prazer e a dor. Contrariamente ao registro mental, esta experiência emocional nos toca  de fato, pois a luta do homem é primordialmente para alcançar a felicidade, e como as emoções imaturas levam à infelicidade , a segunda meta passa a ser a luta para evitar a infelicidade.



Isso cria  a primeira conclusão , principalmente inconsciente :  "se eu não sentir, não vou ser infeliz''. Em outras palavras, em vez de dar o passo corajoso e adequado de viver até o fim as emoções negativas e imaturas, a fim de dar a elas a oportunidade de crescer e, assim, se tornarem maduras e construtivas, as emoções infantis são suprimidas retiradas da consciência e encerradas, de modo que permanecem inadequadas e destrutivas, mesmo que a pessoa não esteja consciente de sua existência.


Situações infelizes existem na vida de toda criança, dor e decepção também. Quanto menos essa dor e decepção forem uma experiência consciente e quanto mais fizerem parte de um quadro vago e indistinto, que não se pode discernir com exatidão, não passando de algo cuja existência se toma como certa, maior é o perigo de ser tomada uma resolução inconsciente :  '' não posso permitir-me ter sentimentos, se quiser impedir a dor e a experiência da infelicidade.''


Assim, a capacidade de ter experiência emocional se torna embotada como acontece na anestesia e portanto a dor não é sentida imediatamente. Também é verdade que a capacidade de sentir felicidade e prazer fica embotada, enquanto, a longo prazo, em realidade, a temida infelicidade também não é evitada.


Ou seja, a infelicidade que parecia ter sido evitada vem ao nosso encontro de um modo diferente e indireto, muito mais doloroso. A amarga dor do isolamento, da solidão, o torturante sentimento de ter atravessado a vida sem passar pelos altos e baixos, sem se desenvolver até o máximo e o melhor possível, é o resultado dessa fuga acovardada, dessa resolução errada.


Com essa fuga não vivemos a vida em sua plenitude. Ao recuar diante da dor, recuamos também diante da felicidade, sobretudo recuamos diante da experiência. Em algum momento - talvez nem mesmo lembremos quando - a solução que adotamos foi : ''para evitar a dor, vou embotar minha capacidade de sentir.'' E, dessa hora em diante recuamos diante da vida, do amor, da experiência, de tudo que faz a vida rica e gratificante.


Além disso, o resultado é que os poderes intuitivos ficaram embotados, bem como as faculdades criativas.

Passamos a funcionar com um grau mínimo do potencial que possuímos. Assim, o dano que acarretamos a nós mesmos com essa solução inadequada e continuaremos acarretando enquanto adotarmos essa pseudo solução,  fica sem poder ser compreendido e avaliado como seria desejável.

Como, para começar, esse foi um mecanismo de defesa contra a infelicidade é compreensível que, inconscientemente,  lutemos com unhas e dentes para não desistir do que nos pareceu ser uma protecção vital. Nós não percebemos que dessa forma não apenas não percebemos as riquezas, as recompensas da vida, seus plenos potenciais, mas também não conseguimos evitar a infelicidade.


Fonte : Trecho adaptado da palestra 88 do Guia de Eva Pierrakos

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